Por PaTTi Cruz
Em
uma época não muito distante, um ser chamado homem sai em uma aventura com a
intenção de procurar o mundo e, ele homem, percorre por longo tempo de sua
existência caminhos, que de tempos em tempos, em alguma parada tem a sensação
de déjà vu. Algumas vezes percebe que
encontra situações ou pessoas com as quais já contatou. Contudo, há algo que se
diferencia a cada novo contato ou passagem, como se estivesse vendo tudo, mesmo
aquilo que pensava já ter vivido, com novos olhos. Talvez, pensava o ser homem,
algo tenha mudado em mim...e seguia sua caminhada em busca do mundo e todas as maravilhas que ouvira falar,
existiam por aí. O ser-homem caminhava e continuava conhecendo lugares, outros
seres-homens ou não, mas, ainda não descobrira algo que realmente, o
surpreendesse e fascinasse.
De
repente o ser-homem pensa sobre o quanto de caminhos já percorrera, pensa nos
lugares e nos outros seres pelos quais já havia passado e conhecido e, reflete
por longas horas, que transformam-se em sóis e luas e, sonhos quando adormece
no cansaço do pensar.
E
quando pensa nos caminhos, nas estradas e traça tudo mentalmente se dá conta de
que é caminhar pelo infinito...e que o caminho, assim se amplia, como tendo
infinitas possibilidades de buscas e procuras.
O
ser-homem questiona-se em sua reflexão e angústia: porque nada me surpreende ou
transforma-se em algo realmente extraordinário?!
O
ser-homem parece ouvir tudo de volta como se fosse um eco de seus pensamentos e
como se fosse um filme que faz todas as imagens retornar em sua mente. Em desespero o
ser-homem cansado, com os pés calejados da estrada e o corpo doído da aventura,
grita em busca de resposta:
-
Onde está o que procuro? Ouvindo sempre de volta do eco as últimas palavras
como resposta.
-
Onde está o mundo? Olho para fora...nada
me supreende!
O
ser-homem então inebria-se pela voz do eco que é enfim, a sua própria e cai no
centro de sua estrada...vai caindo, caindo em uma viagem nunca antes feita e a
medida que vai caindo, aprofunda-se cada vez mais e passa por lugares nunca
antes vistos, sensações e sentimentos nunca antes percebidos com tamanha
nitidez.
Por
instantes passa a ver coisas que definitivamente o surpreendem e algumas até o
assustam, outras o satisfazem, deixando-o extasiado, outras apenas contempla,
meditativamente.
Quando
parece que nada mais há para ver o ser-homem olha em uma rocha espelhada
colocada no centro da estrada seu próprio reflexo e percebe que agora, dentro
encontra o que procurava fora...percebe que encontrara a aventura muito mais
intensa que poderia supor e surpreende-se porque encontra o mundo em si mesmo.
E
assim foi que o ser-homem caiu no infinito, na infinita busca de si mesmo, na
busca de desvendar mistérios, sonhos, medos e desejos e neste mergulho
essencial é que o ser-homem nasce e desperta para a vida. Criando e recriando
seu espaço, transformando e transformando-se e, assim, unicamente desta forma
seus olhos só alcançam olhar o que está fora, quando antes estiverem voltados
em sua própria direção.