quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A Procura do Mundo

Por PaTTi Cruz


Em uma época não muito distante, um ser chamado homem sai em uma aventura com a intenção de procurar o mundo e, ele homem, percorre por longo tempo de sua existência caminhos, que de tempos em tempos, em alguma parada tem a sensação de déjà vu. Algumas vezes percebe que encontra situações ou pessoas com as quais já contatou. Contudo, há algo que se diferencia a cada novo contato ou passagem, como se estivesse vendo tudo, mesmo aquilo que pensava já ter vivido, com novos olhos. Talvez, pensava o ser homem, algo tenha mudado em mim...e seguia sua caminhada em busca do  mundo e todas as maravilhas que ouvira falar, existiam por aí. O ser-homem caminhava e continuava conhecendo lugares, outros seres-homens ou não, mas, ainda não descobrira algo que realmente, o surpreendesse e fascinasse.
De repente o ser-homem pensa sobre o quanto de caminhos já percorrera, pensa nos lugares e nos outros seres pelos quais já havia passado e conhecido e, reflete por longas horas, que transformam-se em sóis e luas e, sonhos quando adormece no cansaço do pensar.
E quando pensa nos caminhos, nas estradas e traça tudo mentalmente se dá conta de que é caminhar pelo infinito...e que o caminho, assim se amplia, como tendo infinitas possibilidades de buscas e procuras.
O ser-homem questiona-se em sua reflexão e angústia: porque nada me surpreende ou transforma-se em algo realmente extraordinário?!
O ser-homem parece ouvir tudo de volta como se fosse um eco de seus pensamentos e como se fosse um filme que faz todas as imagens  retornar em sua mente. Em desespero o ser-homem cansado, com os pés calejados da estrada e o corpo doído da aventura, grita em busca de resposta:
- Onde está o que procuro? Ouvindo sempre de volta do eco as últimas palavras como resposta.
- Onde está o mundo?  Olho para fora...nada me supreende!
O ser-homem então inebria-se pela voz do eco que é enfim, a sua própria e cai no centro de sua estrada...vai caindo, caindo em uma viagem nunca antes feita e a medida que vai caindo, aprofunda-se cada vez mais e passa por lugares nunca antes vistos, sensações e sentimentos nunca antes percebidos com tamanha nitidez.
Por instantes passa a ver coisas que definitivamente o surpreendem e algumas até o assustam, outras o satisfazem, deixando-o extasiado, outras apenas contempla, meditativamente.
Quando parece que nada mais há para ver o ser-homem olha em uma rocha espelhada colocada no centro da estrada seu próprio reflexo e percebe que agora, dentro encontra o que procurava fora...percebe que encontrara a aventura muito mais intensa que poderia supor e surpreende-se porque encontra o mundo em si mesmo.
E assim foi que o ser-homem caiu no infinito, na infinita busca de si mesmo, na busca de desvendar mistérios, sonhos, medos e desejos e neste mergulho essencial é que o ser-homem nasce e desperta para a vida. Criando e recriando seu espaço, transformando e transformando-se e, assim, unicamente desta forma seus olhos só alcançam olhar o que está fora, quando antes estiverem voltados em sua própria direção.