A escrita é minha segunda pele e não escrever ou registrar idéias, pensamentos e sentimentos e quase como andar nua pela rua. Já me perguntaram como este processo acontece, da escrita, da criação. Nunca sei dizer o que fecundo primeiro se corpo ou espírito da escrita. Se primeiro nasce a idéia, as imagens que crio mentalmente, as palavras ou sentimentos. Talvez, até tudo isso se manifeste em um só momento, meio misturado na minha mente...O fato é que o impulso de escrever assume o comando e vem o título do tema, é o batismo da escrita. E, daí por diante é psicografar os próprios devaneios, sem a censura do correto, apenas deixar fluir e depois, por último organizar o contexto. O qual, na maioria das vezes também nem necessita de estruturações maiores, pois afinal, assim são os devaneios...
As palavras proliferam e transitam entre mente e papel. E nesta ação de imprimir palavras sinto o terapêutico se aconchegando de uma forma bem amena e menos assustadora do que o divã e os olhos do analista. É que claro que da mesma forma que ocorre durante a sessão, tenho que pensar sobre as palavras, mas de um prisma muito menos ou quase nada racional. Perdoem-me as analistas, não faço aqui apologia a poética da escrita em oposição ou sentimento de contrariedade a esta outra abordagem terapêutica. Mas, prefiro dar passagem as letras longe dos sofás e poltronas que filtram a alma e dissecam os sentimentos através dos longos olhares e hum...hum...prossiga!
Assim, sigo meu caminho por entre as letras. E as linhas do papel ou a ausência delas me acolhem na minha presença ou ausência momentânea, conseguindo por ora acomodar minhas dores e amores de maneira mais confortante.
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