terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Do fragmento ao todo: construindo-se através da argila

Minha imagem

Minha imagem é pura semelhança
Mas, nada em mim é por mera coincidência
Me revelo em parte porque sou parte
Às vezes me revelo toda, pois me sinto inteira
Parte é apenas metade de mim
Há quem sabe, em algum lugar um Inteiro-fragmento que me complete
Sou pedaço, contorno, conteúdo e sentidos
Sou algo de mim que despedaça e muito de mim que unifica
Cada instante é o momento para configurar, para acertar, resgatar, desfazer e refazer o que sou, aprendendo a viver comigo mesma.
Como bem diz Cecilia Meirelles:
“Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira.” (PaTTi Cruz)



Com os órgãos dos sentidos vamos nos conectando ao mundo.
Cada ser humano tem suas peculiaridades, suas fontes de reconhecimento mais aguçadas, mais desenvolvidas, mais potencializadas.
Quando uma fonte não se torna suficientemente propícia a descobertas e reconhecimentos, avançamos em outra que possa suprir aquela necessidade.
Estas fontes são condições de vida e contato com o mundo externo, das quais nos utilizamos com movimentos em busca de desvendar o que temos como impulso de investigação e relação com o meio.
A partir dos sentidos podemos acionar nossas memórias e lembrar de situações e momentos de vida através de um aroma, de um sabor, de uma música, de algo que vemos, etc...
Cada um, lançará mão do sentido que mais intensidade apresenta dentro desta relação, revelando então um cenário cheio de recordações.
Recordar, relembrar é trazer à memória, é dar vida, é reascender a chama interna das situações que vivemos, é deixar que a sensibilidade tome conta e desperte emoções.
Quando as memórias estão arquivadas em uma localização mais próxima da consciência torna-se mais fácil articular uma compreensão. Mas, quando os fatos apresentados , simbolicamente ou não, nos desafiam a um entendimento e reflexão profundos, podem quem sabe, estar vinculados a memórias mais distantes, de um contexto que talvez, não tenhamos participado de forma mais concreta mas, que de alguma forma se faz presente.
Esta sensação nos traduz um pouco do universo coletivo inconsciente e ainda que distante com a mesma grandiosidade de outros tempos e eras se manifesta dentro de nós.
Por isso, parece sempre que há em cada um de nós um conteúdo secreto e um conteúdo a ser revelado.
Por esta razão somos assim, um tanto compostos de partes que compreendemos e outras partes que buscamos entendimentos.
Partes que reconhecemos imediatamente e outras que se apresentam e nos surpreendem com reações que temos.
Aos poucos, se as aproximamos ou unimos descobrimos o todo que nos completa.
E quem sabe, podemos até atribuir uma história que conte desta trajetória em um continente distante mas, que tão bem sentimos próximos de nós, assim como já existiu e existe...

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