quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Texto - Afetos: Rizomas em nossa existência

Afetos: Rizomas em nossa existência


(Profª PaTTi Cruz - Pedagoga Especial, Esp.Arteterapia,
Consultora de Desenvolvimento Humano e Criatividade
Docente do Curso de Pós Graduação Lato Sensu de Arteterapia - Centrarte/RS, Coord. Theia Criativa – Espaço de Desenvolv.Pessoal e Processos Criativos , Contadora de Histórias )


Somos rizomas conectados por nossos afetos, construídos por nossa condição humana de afeiçoarmo-nos, de podermos fazer nossas escolhas e de promover o que desejamos como caminhos a serem seguidos. Quando iniciamos somos apenas sementes que colocadas na terra necessitam de outros fenômenos que ocorrem naturalmente como o calor, a água, os ventos para o desenvolvimento contínuo. Aos poucos confidenciamos nossa força a terra, que afetivamente nos abraçou em seu colo, nos acolheu e cedeu seu leite de mãe, a seiva vital. Ternamente “nossa mãe” nos empurra, impulsiona para fora, mas sem negligenciar o cuidado, pois sabe que precisamos estar seguros e temos que ter uma referência a qual possamos retornar e, que ainda assim é preciso crescer. Criamos as raízes, então, que nos permitem fixar neste colo, nos agarramos a vida com nossa integridade de sermos patrióticos a terra que nos gestou. Em cada linha raiz, em cada elo ramificado os afetos e aprendizados vão crescendo e fazendo parte de como nos constituímos, de quanta força teremos para nossa expansão de seres no mundo.
Jovens e sedentos pelo conhecimento do mundo externo, estendemos os braços, imensos galhos e subimos ao mundo, as folhas capturam o ar, as flores respiram o perfume da vida e a ela, oferecem também seu aroma. Reconhecendo a terra, agradecendo aos fenômenos naturais, edificando-nos, presentificados no universo, existimos!
O mundo é o desconhecido, cada instante é um desafio, não sabemos o que os segundos nos reservam. E possível planejar, mas sempre o resultado será o esperado. Às vezes é preciso mudar o rumo, recurvar um galho ou outro, soltar uma folha, deixar o pólem ser levado a outros contextos e quem sabe desbravar novas terras. Contudo, cada vez que precisamos nos reconhecer, relembrar quem somos, nossas origens, nos nutrir o rizoma primevo nos indica que é possível buscar o início, onde tudo começou nos reapresentando com afetos construídos existem para sempre, fazendo parte de cada parte do que somos. Não importa o tempo, não importa a dor, nem os desafios, os dissabores, os encontros e desencontros, pois a raíz, como mãos entrelaçadas, amparam e guardam nossa sustentabilidade afetiva para que nada nos falte, pois temos pátria e temos amor e a nós cabe saber que sempre há um caminho para retornar.

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