quinta-feira, 25 de abril de 2013

A Aquarela em mim


A Aquarela em mim
(Por PaTTi Cruz - Educadora,  Esp.Arteterapia,
Consultora de Desenvolv. Humano e Criatividade Docente
 do Curso de Pós Graduação Lato Sensu de Arteterapia - Centrarte/RS,
 Contadora de Histórias, Espec.LIBRAS)

Sentimento, universo das emoções sendo movimentado pelas energias internas em contato com a água que limpa, purifica e torna transparente. A aquarela tem uma consistência pastosa, por isso precisa da água para fluir. Ao contato com a superfície vai manifestando sua marca, translúcida, sem cobri-la totalmente, possibilitando ver o que está abaixo de suas cores.
Nossas emoções, sentimentos, sensações quando estão guardados, protegidos, por vezes presos “na garganta” vão ao encontro da água que assegura-se de nosso mundo emocional, desperta em um soluço e lágrimas nos vêm aos olhos de riso ou choro, rompendo as barreiras, revelando o que sentimos. Neste momento estamos em nossa transparência de ser, permitimos fluir as cores da nossa alma, assim como a aquarela que ocupa seu espaço no papel.
Na Aquarela podemos intensificar os tons, acrescentando um pouco mais da cor, sobrepondo-as se desejarmos, mas a suavidade é sempre permanente.  As cores vão tomando formas e apresentando conteúdos, no processo de inspiração/intuição nosso mundo se coloca pela ponta dos pincéis, as linhas se formam e dão continuidade ao pensamento. A aquosa se espalha, desliza o traço, foge do ritmo que imaginávamos, nos inquieta, aprendemos pouco a pouco que nem tudo se permite controlar. Conectamo-nos com os sentimentos e descobrimos que nossa rigidez precisa de trégua, precisa de ar, precisa respirar, precisa de água para refrescar. Afastamos o pincel oxigenamos os seus fios, o mergulhamos na água geradora de sua vida em cores. E se em algum momento percebermos que há excesso, podemos aproximar um pequeno pedaço de esponja e absorver o que está sobrando e as emoções irão se configurar na medida exata, reintegrando emoções guardadas e exteriorizadas.
A superfície que espera pela aquarela é semi áspera, com uma certa granulação para que a tinta se conecte ao contato e interpenetre nos poros. Folhas com fios fibrosos que permitem a aderência da cor e um efeito especial entre luz e sombra.
Em nossas defesas, por vezes, nos colocamos amparados pela rudeza, enrugamos as feições do rosto, nossas expressões, na intenção de protegermo-nos, nos apresentamos fibrosos, até mesmo quem sabe, para poder receber melhor a emoção que se adere a nós. Esta superfície é o que mostramos, mas olhar para dentro de nosso pequeno universo nos faz perceber a profundidade. Deixar correr os sentimentos, elevar os pensamentos, inundarmos de afeto nosso ser mais íntimo, permitir. Por uma vez apenas, permitir aos sentimentos correrem, irem ao encontro do que somos e transparecer a mais bela paisagem interna. Este efeito pode ser admirado, acolhido, aquecido por cada um que souber olhar com sensibilidade.


Nas cores da aquarela tomando conta de uma tela, pode-se observar este transcorrer de cores e encontro de tons. É indicada para quem tem dificuldade de expressar suas emoções, para quem por vezes é contido em seus sentimentos, que isola-se, reclusa afetos. Recomenda-se o uso gradativo do movimento com aquarela, podendo iniciar-se com o uso do lápis aquarelado, que umedecido em água vai projetando o efeito que a tinta, posteriormente, proporcionará.
Quando houver interesse pelo recurso:
Pessoas ansiosas e preocupadas com o resultado “perfeito” devem ser muito bem monitoradas na utilização deste recurso, para que compreenda seus efeitos e que em alguns momentos as “coisas” se organizam por si e que no final das contas cada fato tinha uma razão de ser.
Para pessoas muito conectadas com universo emocional e com pouco acesso a razão, principalmente, na tomada de decisões importantes, convém, da mesma forma, iniciar o processo de forma gradativa e substancial. Indica-se antes trabalhar com elementos ar, fogo, terra e água, para melhor compreensão de características importantes destes. Até que através de vivências cheguem ao entendimento e estabelecimento das relações entre estes elementos e alguns recursos expressivos que apresentam igual impressão, como por exemplo a aquarela e água.






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