quinta-feira, 25 de abril de 2013

A escolha dos recursos e suas provocações



A escolha dos recursos e suas provocações
PaTTi Cruz - Esp.Arteterapia, Pedagoga Especial, Consultora de Desenvolvimento Humano e Criatividade, Docente do Curso de Pós Graduação Lato Sensu de Arteterapia - Centrarte/RS,  Contadora de Histórias do Teatro de Arena, Espec. Libras
Durante o processo onde há utilização de recursos expressivos considerados rígidos, podemos estar abrindo um canal de acesso a nossa própria rigidez. Nossas sensações são acionadas e entramos em contato mais profundo, embora inconsciente, com o nosso mundo interno e dialogamos com nossas necessidades de controle e segurança pessoal.
Num primeiro momento a adequação da utilização destes recursos para quem inicia seus processos no âmbito da Arteterapia ou processo criativo, torna-se essencial para que estas provocações levem o sujeito a sentir-se mais seguro em relação a proposta de “mexer” com recursos expressivos, até que o mesmo possa chegar a níveis mais avançados e contatar com outros materiais mais expansivos, como é o caso das tintas.
O Arteterapeuta deve ter sempre em mente quais seus objetivos em relação ao grupo ou sujeito, para adequar a escolha do recurso expressivo. Quando objetiva-se que o sujeito reflita em relação ao que o mantem “preso”, inflexível às situações e pessoas a sua volta, por exemplo, a aplicabilidade de recursos que provoquem esta sensação, pela impossibilidade de deslizamento, de aderir ao papel impedindo ou dificultando a expansão dos movimentos, a escolha destes elementos torna-se apropriada. Quando deseja-se elevar a reflexão para um nível de experimentar-se algo mais ousado, o uso de elementos que fogem ao controle do sujeito é indicado. Nestes casos, pode-se averiguar através de questionamentos sobre suas sensações, a respeito do que o incomoda ou estimula neste processo. Sair da casa do controle e aventura-se ao mundo expansivo dos movimentos configura abrir passagem para olhar-se de outro ângulo e descobrir que talvez, permitir-se pode também ser saudável.
O desenho, em sua configuração mais usual, com utilização de elementos como o lápis grafite, lápis de cor ou mesmo os gizes “conduzem” a uma mobilidade mais assertiva, para aqueles que estão iniciando sua trajetória nos processos criativos, pois há um manusear mais específico, focado, onde o punho contorna com maior precisão a figuração a ser construída. A exploração da criatividade pode localizar-se no preenchimento das figuras e escolha de cores, suavidade ou intensidade no uso, etc, na fluidez do material.
Contudo, é recomendável antes de chegar a esta etapa de uso, que o sujeito contate com outras formas em que as expectativas do “desenvolvimento” do movimento sejam menores, pois como observado anteriormente, o punho dá o sentido de controle a forma e ao traço. Assim, trabalhar com as imagens e papéis é um bom começo, onde pode-se a partir delas criar um cenário, figuras fundo, ou apenas oferecer colorido especial, como elemento que complementa o contexto do recurso escolhido, possibilitando o contato com os lápis e gizes de maneira mais tênue.

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