A
escolha dos recursos e suas provocações
PaTTi Cruz - Esp.Arteterapia, Pedagoga
Especial, Consultora de Desenvolvimento Humano e Criatividade, Docente do Curso
de Pós Graduação Lato Sensu de Arteterapia - Centrarte/RS, Contadora de Histórias do Teatro de Arena,
Espec. Libras
Durante o processo onde há utilização de recursos
expressivos considerados rígidos, podemos estar abrindo um canal de acesso a
nossa própria rigidez. Nossas sensações são acionadas e entramos em contato
mais profundo, embora inconsciente, com o nosso mundo interno e dialogamos com
nossas necessidades de controle e segurança pessoal.
Num primeiro momento a adequação da utilização
destes recursos para quem inicia seus processos no âmbito da Arteterapia ou
processo criativo, torna-se essencial para que estas provocações levem o
sujeito a sentir-se mais seguro em relação a proposta de “mexer” com recursos
expressivos, até que o mesmo possa chegar a níveis mais avançados e contatar
com outros materiais mais expansivos, como é o caso das tintas.
O Arteterapeuta deve ter sempre em mente quais
seus objetivos em relação ao grupo ou sujeito, para adequar a escolha do
recurso expressivo. Quando objetiva-se que o sujeito reflita em relação ao que
o mantem “preso”, inflexível às situações e pessoas a sua volta, por exemplo, a
aplicabilidade de recursos que provoquem esta sensação, pela impossibilidade de
deslizamento, de aderir ao papel impedindo ou dificultando a expansão dos
movimentos, a escolha destes elementos torna-se apropriada. Quando deseja-se
elevar a reflexão para um nível de experimentar-se algo mais ousado, o uso de
elementos que fogem ao controle do sujeito é indicado. Nestes casos, pode-se
averiguar através de questionamentos sobre suas sensações, a respeito do que o
incomoda ou estimula neste processo. Sair da casa do controle e aventura-se ao
mundo expansivo dos movimentos configura abrir passagem para olhar-se de outro
ângulo e descobrir que talvez, permitir-se pode também ser saudável.
O desenho, em sua configuração mais usual, com utilização
de elementos como o lápis grafite, lápis de cor ou mesmo os gizes “conduzem” a
uma mobilidade mais assertiva, para aqueles que estão iniciando sua trajetória
nos processos criativos, pois há um manusear mais específico, focado, onde o
punho contorna com maior precisão a figuração a ser construída. A exploração da
criatividade pode localizar-se no preenchimento das figuras e escolha de cores,
suavidade ou intensidade no uso, etc, na fluidez do material.
Contudo, é recomendável antes de chegar a esta
etapa de uso, que o sujeito contate com outras formas em que as expectativas do
“desenvolvimento” do movimento sejam menores, pois como observado
anteriormente, o punho dá o sentido de controle a forma e ao traço. Assim,
trabalhar com as imagens e papéis é um bom começo, onde pode-se a partir delas
criar um cenário, figuras fundo, ou apenas oferecer colorido especial, como
elemento que complementa o contexto do recurso escolhido, possibilitando o
contato com os lápis e gizes de maneira mais tênue.
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