Mergulhando na vida – Crença ou quebra de paradigmas?
PaTTi Cruz - Esp.Arteterapia, Pedagoga
Especial, Consultora de Desenvolvimento Humano e Criatividade, Docente do Curso
de Pós Graduação Lato Sensu de Arteterapia - Centrarte/RS, Contadora de Histórias do Teatro de Arena,
Espec. Libras
Talvez, um de nossos
maiores pesadelos seja “acordar” e perceber que não estamos dormindo. Talvez
seja olhar no espelho e ver alguém que não reconhecemos como nós mesmos, e sim,
como um outro distante. Nosso olhar sobre o mundo e principalmente sobre nós
mesmos devaneia-se pelos confins onde a estrada não atinge o limite do eu.
A grande frustração
humana está no fato de que o dia em que descobrimos o caminho parece já ser tarde demais para tudo que já percorrermos.
Talvez, esta seja uma visão cruel dos acontecimentos, mas a verdade se
instaura, justamente, na crueldade daquilo que não vemos.
Há uma possibilidade, uma
escolha. Não um único caminho, pois a vertentes são muitas e, o foco é não
perder o foco e descrer de todos que
se negam a perceber. Parece que uma
nuvem escura paira quando há um convite de mudança de planos, uma mudança na
forma de observar e perceber as coisas. As relevâncias são poucas de que os
fatos acontecerão de outra maneira se nós buscarmos as mudanças.
Sim, é verdade que não é
algo sutil a ser feito, é necessário coragem, pois aí é que nos deparamos com
aquele estranho do espelho que nos espreita, até sorrindo, sarcasticamente,
como a Monalisa e que nos desafia a mudar o cenário que outrora parecia tão
seguro. Seguro, é claro, pois estamos distante dos erros. Pensamos,
equivocadamente, pois sem mudar, nos distanciamos apenas dos novos supostos
erros, que são na verdade riscos. E para viver, é preciso correr riscos. Mudar!
E é com a mudança que eles chegam. Notavelmente, nos achamos protegidos por já
sabermos onde estamos, mas, sem se quer darmo-nos conta de que precisamos ir.
Se permanecermos no mesmo contexto, no mesmo cenário, não quer dizer que
estamos protegidos, quer dizer que não arriscamos e, portanto, não vivemos.
Nosso mundo, nosso
pequeno e padaroxalmente, imenso mundo interno reserva mistérios para que
desvendemos. Sob o sol, percebemos que ao nosso lado há uma sombra, assim como
da mesma forma, ainda que o sol ali não esteja, lá ela permanece, oculta de
nossos olhos, mas, não oculta de nós. Quando Jung menciona: “Quem olha para
fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda”, talvez esteja querendo justamente
instigar-nos ao atravessamento dos mundos, de nossos mundos. Nas fronteiras do
desconhecido está uma vastidão de fortalezas a serem exploradas. E toda a
segurança daquilo que já sabemos, sejam acertos ou erros, faz proliferar a
insegurança de desbravar os territórios por nós ainda considerados inférteis.
Creio que acertar seja
humano, diferente do que ouvimos ao longo de toda nossa existência. Pois, nos
provemos de virtudes que nos fortalecem
através de nossas experiências para querer estar no caminho certo. E é
justamente o desejo, o querer que nos move favoravelmente no sentido e fluxo da
vida. Permanecer no erro, ou ainda permanecer nos campos, supostamente seguros,
é não abrir uma possibilidade de conexão com o ser criativo que habita em cada um
de nós. É não abrir a possibilidade para mergulhar no universo e sentir-se
livre para expandir os horizontes de tudo que nos completa como seres de
existência e impermanência. A criatividade de transformar o olhar, de ampliar a
percepção é um aporte para o equilíbrio entre as partes e o todo que nos estrutura
como indivíduos. É navegando no fluxo da vida em direção aos nossos universos
que derrotaremos nossos medos, ou melhor, transformaremos nossos medos na
substância alquímica que é capaz de nutrir nossa evolução.
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